O jornalismo tem compromisso com a verdade e com o público e, muitas vezes, isso acaba tendo mais força do que o veículo em que cada jornalista trabalha. É aí que nasce o ponto central do jornalismo colaborativo: jornalistas produzindo e apurando uma notícia juntos com foco na informação que será transmitida.
Lembra quando você se juntava com outros colegas de escola para entregar um trabalho? A dinâmica aqui é bem parecida, afinal são profissionais que se juntam para entregar uma notícia. Muitas vezes são matérias que surgem depois de muita investigação e algumas até precisam da criação de banco de dados e análise.
Operação “Vaza Jato”
Um caso muito famoso de jornalismo colaborativo e investigativo, publicado em 2019 pelo The Intercept Brasil. O trabalho foi feito com a participação de mais seis veículos de comunicação, sendo eles: Agência Pública, Folha de S. Paulo, Buzzfeed, Veja, Uol, El País e Blog do Reinaldo Azevedo.
A operação, como foi apelidada, reuniu os dados obtidos pelo The Intercept Brasil e foram divulgados nos sete veículos, expondo e colocando em xeque os métodos que o Ministério Público Federal (MPF) e o juiz Sérgio Moro utilizaram para investigar casos de corrupção no Brasil.
“The Panama Papers”
O trabalho de 370 jornalistas de 76 países resultou na divulgação de uma lista com o nome de 107 offshores (empresas abertas no exterior em paraísos fiscais). Mais de 11 milhões de documentos foram analisados para que chegassem aos nomes das empresas e das pessoas ligadas ao caso de corrupção da Petrobrás em 2016.
A investigação ajudou a revelar toda uma indústria envolvendo nomes de chefes de Estado, ministros, parlamentares e grandes construtoras em vários países. A publicação da lista foi feita mundialmente pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).
“The Implant Files”
Também mobilizado pelo ICIJ, em 2018 um grupo de 250 jornalistas de 58 veículos se uniram para criar o Implant Files. Uma base de dados com informações sobre dispositivos médicos que apresentaram algum tipo de defeito ou que oferecessem perigo para a saúde dos pacientes. A revista Piauí e a Agência Pública foram os veículos brasileiros que participaram da apuração da reportagem.
Participação do público
A internet possibilitou maior interação, o que mudou a forma com que o público recebe uma notícia. O leitor deixou de ser um agente passivo e viu na internet um universo propício para pesquisas e validação de notícias. Como por exemplo, uma notícia foi publicada com um nome digitado errado, com um comentário o leitor pode alertar o veículo do erro que pode ser editado.
Tudo isso transforma o público em muito mais que receptor passivo, como dito na teoria da agulha hipodérmica. E agora passa a ser elemento participativo e que também pode contribuir na apuração e elaboração de uma pauta/texto em um veículo de comunicação, o que também pode ser lido como um trabalho de jornalismo colaborativo.
Please Post Your Comments & Reviews