Texto produzido por Mariana Albuquerque, graduanda em jornalismo no IDP.
O preconceito que cerca o HIV, teme os ignorantes e aproxima-os do perigo viral, a fim de entender de fato o que é o vírus e como ele se forma.HIV e AIDS não são a mesma coisa. HIV é a sigla em inglês para Vírus da Imunodeficiência Humana. Este é um vírus que ataca o sistema imunológico, que protege o corpo humano. O HIV não pode ainda ser eliminado definitivamente do corpo humano. Já a AIDS é a doença imunológica causada pelo vírus.
O vírus que levou grandes estrelas da música como Cazuza, que durante toda sua vida foi cercado de indagações sobre sua orientação sexual, na verdade vai além do senso comum, e em sua maioria as pessoas não sabem sobre o que a virada de século foi para a ciência e para pessoas que convivem com o vírus que antigamente era mortal.
O grande segredo de Freddie Mercury, o levou à morte após não querer mais fazer administração de remédios para tratar o HIV. O vocalista bissexual do Queen, não aguentou levar o fato de ser soropositivo para o caixão, um dia antes de morrer confirmou que tinha Aids, e no final pediu “eu espero que todos se juntem a mim, meus médicos e ao mundo todo na luta contra essa terrível doença”, disse. A luta de Freddie ainda não teve fim, porém há do que se orgulhar no combate ao vírus.
A luta contra o HIV e a AIDS: a caminho do fim da mortalidade
A UNAIDS lidera o esforço global para acabar com o HIV/AIDS como uma ameaça à saúde pública até 2030 como parte das Metas de Desenvolvimento Sustentável. Segundo a própria organização, desde que os primeiros casos de HIV foram relatados há 40 anos, 78 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV e 35 milhões morreram de doenças relacionadas à AIDS.
Para se ter uma dimensão com a quantidade de mortes causada por um vírus que tanto se tem falado:
Mas, de verdade, o vírus tem orientação sexual?
Não. E isso foi comprovado por pesquisas do boletim HIV no ano de 2019, as regiões Sudeste e Centro-Oeste brasileira apresentaram predomínio da categoria de exposição de homo/bissexual (46,5% e 41,5%, respectivamente), enquanto nas demais regiões o predomínio foi heterossexual. O que difere estigmas de grupo de risco e situação de risco, tendo a arquitetura do comportamento preconceituoso o perigo mais próximo e atenuante entre héteros.
Fonte: boletim hiv-2020/gov.br
Como é lidar com o vírus?
Segundo a própria UNAIDS, não existe um comportamento específico para pessoas vivendo com HIV que seja diferente do comportamento de qualquer pessoa que se preocupa com seu bem-estar físico e psicológico. “É importante que as pessoas vivendo com HIV tenham consciência sobre seu estilo de vida e foquem no autocuidado, fazendo o acompanhamento médico regular e aderindo à terapia antirretroviral. O tratamento adequado do HIV é 100% gratuito e disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”.
O influencer digital, Lucian Ambrós do @posithvidades no Instagram, assumidamente homossexual, conta que recebeu a notícia há 12 anos e que a pouca informação e o tabu sobre o assunto era grande e ele sentia muito medo. Em suas redes sociais tornou o assunto mais normal e, em sua vez, abriu o debate para apoiar pessoas que recebem esse resultado. Ele indica sempre que “a primeira coisa que a pessoa deve fazer ao descobrir a sorologia é iniciar o tratamento para que tenha uma vida tranquila, sendo indetectavel”.
“Indetectável” - o termo é o objetivo de todo e qualquer paciente que faz tratamento regular para o HIV, leia mais sobre nesta reportagem.
Lucian Ambrós, influencer e fala sobre a importância de se prevenir e fazer o tratamento do HIV, veste a camisa indetectável.
A homofobia e o preconceito
O Lucas Sousa, brasiliense e estudante de computação, é soronegativo e homossexual com vida sexual ativa. Para ele, a homofobia e o preconceito com o público LGBTQIA+ são evidentes. “Muito desse estigma do começo da epidemia ainda permanece, talvez exatamente uma espécie de desconfiança por não ser possível ter a completa noção de quem possui ou não esse vírus, aquela antiga frase: - quem tem HIV não tem aviso na testa. Um alerta equivocado e constante contra homossexuais.”
O estudante conta que o diálogo sobre o HIV no meio da comunidade é bem mais aberto, quando comparado ao tema entre os heterossexuais. O assunto já surge com frequência nos aplicativos de paquera voltados para o público gay, como o Grinder, quando comparado às relações heterossexuais. “Mesmo que não exista obrigação nenhuma do portador de HIV explanar sua condição para outros. Até porque já tive diversas conversas com homens que logo de cara expõem sua sorologia”, relata.
Contudo para o Lucian, que vive com o HIV há 12 anos, o preconceito foi bem mais complicado de lidar, ele desabafa que por muitas vezes não obteve abertura para falar sobre a sorologia ao se relacionar com outras pessoas, ele conta que a princípio sentia medo de falar e que isso gerava nele uma enorme insegurança.
O Lucian, fala sobre o HIV abertamente em suas redes sociais. Usa sua visibilidade na internet para conscientizar os jovens e desmistificar esse preconceito excessivo com homossexuais. Ele defende que a ideia de que LGBTQIA+ estão mais propensos a contrair o vírus é incoerente. “Basta ter relações sexuais desprotegido para contrair o vírus, independente de orientação sexual”, alerta.
Já Lucas reforça a responsabilidade na orientação de jovens e no debate aberto sobre isso, “Conservadores que veem o ensino da saúde sexual como perversão e erotização juvenil. Contra essa loucura, acredito que a melhor maneira de evitar jovens LGBTQIA+ de contraírem IST’s é ensinando. Como falar sobre saúde sexual e formas de proteção tornou-se novamente um tabu muito grande, considero que o uso da internet e redes sociais pode auxiliar bastante os jovens nessa jornada de aprendizado.”
Conheça mais sobre projetos voltados para lidar com a comunidade LGBTQIA+ com HIV
“Deu positivo, e agora?” projeto da Unaids com foco no público jovem e LGBT . Muitas vezes esses públicos se conectam, traz uma uma linguagem rápida e de fácil assimilação.
“Cartilha de Saúde LGBTI+. Políticas, instituições e saúde em tempos de COVID-19”
Lançada em parceria com a TODXS Brasil, organização da sociedade civil que atua especificamente direcionada à comunidade LGBTQIA +.
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