O tema do episódio #18 do podcast Empreenda BSB é negócios de família. O Brice Filiatre, da Rever (@oculosrever), marca de óculos feitos à mão, e o Mayton Campelo, do Brechó do Óculos (@brechodooculos), contam como conseguiram desenvolver negócios aliando a experiência da família e sua própria personalidade.
Primeiro, outros caminhos
Brice Filiatre, antes de se entender como empreendedor, buscou outros caminhos. Formou-se em Economia na França, exerceu a profissão e cogitou mudar de carreira e ser ator às vésperas de lançar sua marca.
Ele conta que, desde pequeno, visitava a fábrica com o pai aos fins de semana, costume que repetiu durante as férias da faculdade. “Eu sempre estive no meio dos óculos, mas não tinha na época a certeza de querer trabalhar com isso", afirma.
Foi em 2008, quando trabalhava numa multinacional em Curitiba, que Brice resolveu aceitar o convite do pai para voltar a Brasília e trabalhar juntos na fábrica de óculos da família, que produz armações localmente desde 1982.
Depois de alguns anos, em 2016, surgiu o projeto da Rever, marca de óculos feitos à mão, na fábrica dos pais de Brice: “foi uma forma de conseguir fazer da minha forma, mas ao mesmo tempo apoiando o projeto da família”, conta o empreendedor.
Já Mayton Campelo decidiu começar a trabalhar com o pai quando ele ficou sozinho no comando da loja, após o divórcio, em 2007. “Fiquei muito tempo na ótica, mas eu não queria a ótica", relembra.
Na época, Mayton queria trabalhar com produção cultural. “Meu pai falava que eu tinha que assumir o negócio da família, mas eu queria trabalhar com arte, com cinema, que era o que eu realmente gostava”, afirma. Por isso, em 2012 ele saiu da ótica para atuar na área cultural.
Dois anos depois, já com experiência em planejamento, Mayton encontrou sua oportunidade de negócio dentro da loja do pai: "Nessa época a ótica tinha 25 anos e eu encontrei alguns óculos antigos lá guardadinhos e pensei ‘tem um público que vai curtir esses óculos’”, conta. E foi assim que surgiu o Brechó do Óculos, a curadoria de óculos do Mayton.
Desafios de empreender com a família
Ambos concordam que empreender a partir de um negócio da família tem vantagens, principalmente pela trajetória já consolidada no mercado. Porém, confessam que podem existir conflitos nas relações: “se você quer empreender no mesmo ramo. ajuda bastante, mas sempre vai ter um conflito, porque não é uma relação tão profissional, é uma relação familiar”, destaca Mayton. Para Brice, é preciso saber diferenciar os momentos de ter uma postura profissional, dentro da empresa, e viver as relações familiares, quando em família. “As relações mais complicadas são as relações com as pessoas que a gente tem mais proximidade”, diz.
O desafio é encontrar a brecha para se expressar e colocar suas ideias: “acaba acontecendo um choque de cultura, de gerações. Mas eu vejo que a gente conseguiu encontrar nosso caminho. Eu encontrei a forma de poder me expressar, de fazer da forma que eu acredito, mas mesmo assim apoiando o negócio da família”, declara Brice.
Personalidade no negócio
Para Brice, o tempo que ficou trabalhando na fábrica com o pai foi importante para perceber o que é importante para a marca. Como o pai sempre vendeu os óculos para as óticas, enfrentava a dificuldade de mostrar as vantagens de apoiar um negócio local. Problema que ele transformou em solução.
“Foi o que fiz com a Rever: mostrar essa história de família, a fabricação local, um processo mais manual, o que casou muito com o momento que estamos vivendo, as pessoas estão valorizando mais o local e o manual”, explica.
Mayton também encontrou uma forma de unir a história da família com uma paixão, como ele explica: “minha relação com os óculos sempre foi assim: era algo que fazia parte da minha vida, fui forçado a entrar na ótica porque o meu pai estava sozinho, mas eu não queria assumir o negócio. E eu sempre gostei de brechó. Então eu juntei os óculos antiguinhos da loja, que existe desde os anos 80 e tinha muita peça acumulada com o garimpo, que eu amo fazer”. Hoje, Mayton já garimpa óculos vintage em outras lojas e marcas.
Por isso, os dois empreendedores concordam que é preciso colocar a personalidade no negócio, como Brice finaliza: “é colocar o que você acredita, é colocar a sua verdade”.
Para conhecer toda a história do Brice e do Mayton, basta ouvir o episódio 18 do podcast Empreenda BSB, iniciativa da Escola de Gestão, Economia e Negócios do IDP.