Nos últimos anos, o brasileiro, em geral, tem se interessado mais por educação financeira e investimentos. Dados da B3 (Brasil Bolsa Balcão) mostram que, em novembro de 2020, eram 3,17 milhões de contas cadastradas – quase o dobro em comparação com o ano anterior, quando eram 1,6 milhão. O número de contas cadastradas na B3 (Brasil Bolsa Balcão) aumentou significativamente no último ano, mesmo com a crise.
Para o servidor público, poupar passou a ser ainda mais necessário, visto a aprovação da reforma da previdência e a proposta em discussão da reforma administrativa (leia mais sobre a reforma administrativa), que coloca em xeque, entre outros benefícios, a estabilidade do funcionalismo público.
Portanto, se você, servidor público, ainda não tinha esse hábito, agora é um bom momento para considerar investir!
Mudanças na forma de investir e poupar
Nos últimos 5 anos o perfil de investimento do brasileiro vem apresentando mudanças significativas. Alexandre Fontenelle, sócio da Voga Invest, filiada da XP Investimentos em Brasília, explica que "sempre foi muito cômodo para o poupador colocar o dinheiro num fundo de renda fixa, que iria pagar 100% do CDI e ter rendimento médio de 1 ou 1,2% ao mês, sem risco e com bastante liquidez".
Entretanto, hoje em dia esse cenário mudou completamente e a aplicação em fundos de renda fixa rende, em média, apenas 0,25% ao mês.
Nesse contexto, quem tem o costume de poupar começa a buscar produtos diferenciados: "hoje você vê uma grande migração de investimento de dentro dos bancos para as plataformas abertas de investimento", diz Alexandre.
Poupar para a aposentadoria ou para comprar um imóvel?
Clemilton Ataíde se aposentou como perito criminal da Polícia Federal, após quase 30 anos de serviço. Ele afirma que, junto com a esposa, sempre teve o hábito de poupar entre 10 e 30% da renda mensal de cada um.
O primeiro objetivo do casal foi a compra de um imóvel. Hoje, já com dois apartamentos, as metas são outras. Segundo ele, há 7 anos eles deixaram de poupar para adquirir e passaram a poupar e investir visando garantir uma maior qualidade de vida na velhice - mesmo tendo aposentado com integralidade e paridade.
Alexandre Fontenelle explica que o funcionário público costuma investir mais, mas, geralmente, com objetivos de médio prazo. Segundo ele, o primeiro objetivo geral dos clientes é comprar um imóvel e, depois de quitar, "a tendência é que ele comece a construir o bolo de investimentos e deixe para utilizar como uma forma de aposentadoria, buscando ter uma fonte de renda por meio dos juros que os investimentos proporcionam", afirma.
Entretanto, a reforma da previdência influencia diretamente esse comportamento.
Reforma da previdência e investimentos para servidores públicos
O assessor de investimentos explica que a geração anterior de servidores públicos não se interessava em fazer uma reserva tão alta pela garantia de renda após a aposentadoria.
Porém, após a aprovação da reforma em 2019, “o funcionário público de alto escalão, que ganha de 20 a 30 mil reais por mês, quando aposentar, irá receber apenas o teto do INSS – algo em torno de 5 a 6 mil reais por mês", explica Alexandre.
Por isso, o conselho do sócio da Voga Invest é que os novos ingressantes no serviço público invistam em uma previdência privada e em um portfólio de investimentos para manter o padrão de consumo após a aposentadoria. "Acredito que essa geração que vai vir terá uma consciência de investimento muito maior do que a geração mais antiga", comenta Alexandre.
Quanto investir mensalmente?
O indicado por especialistas é investir de 10% a 30% da renda por mês. "Existe um cálculo que mostra que, se a pessoa conseguir poupar pelo menos 10% do salário durante 40 anos, provavelmente ela conseguirá manter o mesmo padrão de vida após a aposentadoria", explica Alexandre.
Luciano Alves, advogado, empresário e investidor no mercado de capitais, também alerta que "antes de dar o primeiro passo nesse sentido, é elementar que o pretenso investidor mantenha inalterada sua reserva de emergência, que representa de 20% a 30% do seu patrimônio líquido".
Como investir para ter segurança?
Quando se fala em montar um portfólio de investimentos, Alexandre explica que o primeiro aspecto a se considerar é a idade da pessoa. Acima de 50 anos, o ideal é que se opte por um portfólio mais conservador, já que essa pessoa "já não está mais na fase de construção, mas, sim, na fase de manutenção do patrimônio", esclarece.
Porém, quem está iniciando a carreira agora no serviço público ainda tem tempo hábil para investir e aguentar as oscilações de mercado. Nesse caso, o especialista diz que montaria uma carteira de investimentos mais arrojada: com mais ações, fundos multimercados, investimentos no exterior e previdência privada investindo pelo menos 70% em ações.
Considere seu perfil de investidor
Luciano Alves alerta sobre a necessidade de mapear o perfil do investidor. Ele explica que, para o perfil conservador, investir em renda fixa faz mais sentido. Para quem possui perfil moderado, a "fundos de investimentos que reúnam recursos de um conjunto de investidores mostram-se mais atrativos", segundo Luciano. Já para o perfil mais agressivo, "a renda variável – ações e fundos imobiliários, por exemplo - será sua 'janela dourada'", destaca.
Além disso, Luciano reforça que o ideal é montar uma carteira de ações que garanta pagamentos mensais em dividendos, com foco em boas e grandes empresas, que estão em atividades perenes, sob as quais uma economia não tem como não prosperar, como energia elétrica, telecomunicações e saneamento - ou seja, setores de atividade bem fundamentada.
Considerando o cenário atual e as possibilidades disponíveis no mercado, é interessante aproveitar a estabilidade e previsibilidade para traçar metas e planos para alcançá-las. Para isso, é recomendável procurar uma assessoria especializada de confiança para te auxiliar nessa jornada.
E então, que tal começar sua carteira de investimentos? 🙂