Pesquisadora responsável: Eduarda Miller de Figueiredo
Título original: Gambling over Public Opinion
Autores: Deepal Basak e Joyee Deb
Localização da Intervenção: -
Tamanho da Amostra: -
Setor: Setor Público
Variável de Interesse Principal: -
Tipo de Intervenção: Negociação Política
Metodologia: Teoria dos Jogos
Resumo
A opinião pública é usada como uma ferramenta para um compromisso confiável. Porém, em muitas situações políticas, ela só é descoberta após o início da negociação. Neste artigo os autores examinaram os ambientes de negociação com opinião pública incerta e compromisso dispendioso, e questionam quando surgem os impasses de barganha e as implicações de bem-estar desses impasses. Demonstram dois exercícios, em que um não há um equilíbrio e no outro há um equilíbrio único e simétrico. Os autores concluem que a política final pode responder “demais” às novas informações e afetar adversamente o bem-estar.
Em muitas situações de negociação, a opinião pública é usada como uma ferramenta para um compromisso confiável. Porém, em muitas situações, a opinião pública não é realmente conhecida no momento em que a negociação começa, apenas é descoberta posteriormente. Por exemplo, nos Estados Unidos em 2012, apenas algumas semanas antes do abismo fiscal iminente, muitos políticos republicanos mantiveram-se firmes em seu voto a favor do corte de gastos. Era uma postura crível visto que era parte da promessa aos seus próprios eleitores, então, um possível recuo dessa postura significaria uma perda de credibilidade e um custo de reputação que poderia impactar negativamente suas probabilidades de reeleição.
O desacordo na barganha como a tentativa dos jogadores de construir a reputação de serem durões, em um cenário com informações assimétricas de ambos os lados, foi explicado por Abreu e Gul (2000), através da chamada barganha reputacional. Fanning (2018) apresenta incerteza nos custos que é resolvida em uma data futura, mostrando que se a probabilidade do tipo de comprometimento convergir para zero, então pode haver desacordo.
O objetivo do artigo aqui analisado era de examinar os ambientes de negociação com opinião pública incerta e compromisso dispendioso, e questionar quando surgem os impasses de barganha e as implicações de bem-estar desses impasses.
Os autores estudaram um processo de negociação bilateral em dois estágios em uma democracia representativa bipartidária (RD), em que o ambiente possui três características principais:
Na democracia representativa (RD), há dois partidos i (esquerda) e j (direita) que estão negociando sobre como alocar 1 bilhão de dólares entre gastos militares e educação. O partido i quer gastar todo o valor em educação, enquanto j quer gastar todo o valor com as forças armadas. Quando o estado do mundo, aqui definido por , é positivo, então tem uma baixa ameaça de guerra.
No início do jogo, ambas as partes publicam de forma simultânea as suas demandas. Quando as partes estão em um impasse, o jogo segue para a próxima fase e o estado do mundo () é observado. São encomendados estudos por agências independentes e, à medida que os relatórios dos estudos são publicados, todos ficam cientes da ameaça de guerra. Consequentemente, forma-se a opinião pública sobre qual posição partidária é melhor, ou seja, cada eleitor decide qual partido apoiar.
Após observar a opinião pública, as partes voltam a negociar para ver quem cede. Esta fase ocorre como um jogo de negociação de ofertas alternadas à la Rubinstein (1982), com ofertas frequentes:
Importante salientar que as partes sofrem custos de reputação se fizerem concessões, que depende do tamanho da concessão e da opinião pública. Em que uma concessão maior é mais evidente para o público e tem maior probabilidade de afetar a credibilidade de uma das partes. Portanto, maior apoio público ao partido i, torna o partido mais disposto a esperar.
No equilíbrio de barganha padrão de ofertas alternadas, a parte que está mais disposta a esperar tem uma vantagem. Assim, em equilíbrio o partido i precisa receber uma participação maior.
A partir de toda a demonstração de como uma negociação aconteceria, os autores apresentam um exemplo simples para ilustrar a teoria descrita anteriormente. Eles demonstram que não há equilíbrio de assentamento, assim como caracterizam explicitamente o equilíbrio de jogo de estratégia pura simétrico único.
Dado que os pontos ideais e o estado do mundo sejam distribuídos uniformemente, a distribuição do apoio público não é necessariamente uniforme, vide o que foi discutido anteriormente.
Dada as demandas iniciais e a distribuição do apoio público aos partidos, quando uma parte faz uma demanda maior que a outra, o partido i obtém zero apoio público com probabilidade positiva e nunca pode obter o apoio político total. Logo, não há equilíbrio.
Já quando as partes exigem mais do que , sabe-se que uma demanda inicial maior implica em uma maior magnitude de concessão. Como o custo do compromisso aumenta na extensão da concessão, ocorrem dois efeitos:
A partir disso, haverá um equilíbrio de jogo de estratégia pura simétrico único.
Por fim, os autores também salientam que quando a negociação vai para o segundo estágio, uma ou ambas as partes têm que se comprometer depois que a opinião pública é revelada, e devem arcar com os custos associados do compromisso. No entanto, segundo os autores, este custo de compromisso incorrido pelas partes pode não ser uma razão importante para se preocupar com o desacordo. Na verdade, para eles, um subproduto do impasse entre as duas partes interessadas é que o acordo final depende de novas informações que surgem sobre a conveniência das alternativas concorrentes. Em que a escolha final da política pode resultar em bem-estar público maior do que o acordo no primeiro estágio, porque responde a essa nova informação.
Os autores demonstram no artigo que, na negociação política, a opinião pública é usada como um instrumento de compromisso credível. No qual, quando as partes não sabem onde o público se posiciona quando começam a barganhar, então sob um amplo conjunto de condições, as partes preferem apostar na opinião pública. Ou seja, fazem demandas incompatíveis e esperam para ver de que maneira a opinião pública se move antes de fazer um compromisso.
Salientam que é passível se conjecturar que isso melhora o bem-estar público em comparação com um caso em que essas informações não são incorporadas. No entanto, demonstram que isso não é verdade. E política final pode responder “demais” às novas informações e afetar adversamente o bem-estar.
Referências
Abreu, Dilip and Faruk Gul. 2000. “Bargaining and Reputation”. Econometrica 68 (1): 85-117.
Fanning, Jack. 2018. “No Compromise: Uncertain Costs in Reputational Bargaining”. Journal of Economic Theory 175 (May): 518-55.
Rubinstein, Ariel. 1982. “Perfect Equilibrium in a Bargaining Model”. Econometrica 50 (1): 97-109.