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ECONOMIA E GESTÃO.

Como mensurar a eficiência das Universidades Federais Brasileiras?

14 set 2021

Pesquisadora responsável: Viviane Pires Ribeiro

Título do artigo: BRAZILIAN FEDERAL UNIVERSITIES: RELATIVE EFFICIENCY EVALUATION AND DATA ENVELOPMENT ANALYSIS

Autores do artigo: Alexandre Marinho, Marcelo Resende e Luís Otávio Façanha

Localização da intervenção:  Brasil

Tamanho da amostra: 52 instituições federais de ensino superior

Setor: Educação

Tipo de Intervenção: Mensurar a eficiência relativa das Universidades Federais Brasileiras

Variável de interesse principal: Eficiência relativa

Método de avaliação: Outro - Análise Envoltória de Dados

Contexto da Avaliação

O estudo das organizações sem fins lucrativos de múltiplos produtos é objeto de interesse crescente na literatura empírica. A principal dificuldade associada à avaliação dessas entidades está relacionada com uma precisa caracterização de suas tecnologias. As universidades e hierarquias profissionais constituem um bom exemplo desse tipo de organizações, uma vez que as suas tecnologias são caracterizadas por múltiplos fatores de produção e produtos e a maximização do lucro não é a principal conduta da organização. Além disso, as suas operações são guiadas por várias missões e objetivos gerais. Consequentemente, a eficiência não pode ser definida de forma simples e a questão da mensuração de eficiência tornam-se um desafio central de pesquisa e gestão.

Detalhes da Intervenção

Marinho et al. (1997) consideram a abordagem de mensuração de eficiência fornecida pela Análise Envoltória de Dados (DEA) no contexto do setor público. A aplicação abrangeu as principais universidades federais brasileiras para o ano de 1994, totalizando 52 Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e cada IFES foi tratado como uma unidade produtiva (DMU) individual.

Algumas das variáveis de insumo de produção usadas na análise foram: área de edifícios; área de hospitais; área de laboratórios; número total de estudantes; docentes com doutorado; docentes com mestrado; pessoal administrativo com graduação ou ensino superior; orçamento para as despesas correntes; estudantes que iniciaram o curso de graduação. Algumas das variáveis de produção foram: número de cursos de graduação; número de cursos de pós-graduação – nível mestrado e nível doutorado; certificados emitidos – grau de graduação; número de dissertações de mestrado aprovadas; número de teses de doutorado aprovadas; média ponderada ou Avaliação do MEC dos cursos de mestrado e doutorado.

A maioria dos dados foram obtidos pelo Ministério da Educação (MEC) e Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES). Também foram consideradas as informações sobre despesas correntes, obtidas a partir de um relatório público lançado pela ANDIFES. Assim, dado o grande número de fatores de produção e produtos, os autores lançaram a possibilidade de utilizar análise fatorial para explorar dimensões comuns no conjunto de dados.

Detalhes da Metodologia

A metodologia adotada por Marinho et al. (1997) é a Análise Envoltória de Dados, uma técnica empírica flexível de mensuração de eficiência comparativa e um método não-paramétrico que emprega programação matemática para construir fronteiras de produção de unidades produtivas, empregando processos tecnológicos similares para transformar múltiplos insumos em múltiplos produtos. A DEA avalia a eficiência de organizações sem fins lucrativos, sendo as universidades bons exemplos de problemas gerenciais complexos. A eficiência é mensurada em relação à melhor prática observada. Além disso, a metodologia também lida com as dificuldades advindas da indisponibilidade de dados dos preços de mercado, fatores de produção e produtos.

Os modelos DEA admitem duas orientações: aumento de produto (orientação de produto) ou conservação de insumos de produção (orientação de insumos). No primeiro caso, a eficiência refere-se à obtenção do nível máximo de produção, dado uma utilização fixa de insumos. No segundo caso, a eficiência refere-se à utilização mínima de insumos, dado um nível de produção. Quando há retornos constantes de escala, o hiperplano da fronteira de eficiência é linear e passa através da origem; neste caso, as duas orientações produzem os mesmos resultados de eficiência. Quando há retornos variáveis de escala, este não é mais o caso. No entanto, a prática empírica parece mostrar que a escolha dos insumos e produtos a serem usados na análise é a melhor escolha, em vez da escolha de orientação.

Resultados

 Marinho et al. (1997) desenvolveram uma aplicação de análise envoltória de dados, utilizando informações sobre as universidades federais brasileiras. Os autores tomaram um experimento usando a DEA da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte de suas atividades de avaliação orçamentária e institucional, tendo motivações desafiadoras e positivas. O ranking de unidades de produção foi gerado de acordo com a pontuação de eficiência e sugeriu a importância das atividades de gestão das universidades. Além disso, um resultado notável é que a maioria das IFES reconhecidas no meio acadêmico foram avaliadas como unidades de produção eficientes.

As unidades de produção que apresentaram resultados 100% eficientes constituíram a "fronteira eficiente". Os autores ressaltam que a exploração de dimensões comuns no conjunto de dados, por meio da análise de fator, foi fundamental para permitir uma adequada discriminação das DMUs.

De acordo com os autores, o objetivo de motivar a aplicação sistemática da análise envoltória de dados como instrumento de política subsidiária não foi totalmente atendido. Assim, novas informações e inventários certamente irão melhorar os resultados das aplicações DEA.

Lições de Política Pública

Como mensurar a eficiência relativa das Universidades Federais Brasileiras? Dado que a análise envoltória de dados avalia a eficiência de organizações sem fins lucrativos, essa técnica alternativa pode ser utilizada no estudo de eficiência das instituições superiores. Em Marinho et al. (1997), os autores ressaltam que a DEA fornece metas para cada fator de produção e produto, nesse sentido, o menu pode servir como um suporte de informação para o planejamento e monitoramento das atividades de unidades produtivas. Assim, esse tipo de análise pode ser especialmente útil para a mensuração de eficiência comparativa e pode constituir, portanto, uma importante ferramenta de gestão no domínio dos sistemas organizacionais complexos, caracterizados por múltiplos insumos e múltiplos produtos (mesmo nos casos em que a tecnologia não é bem conhecida) e em que o apoio orçamentário e financeiro precisa de uma coordenação mais forte e instrumentos de monitoramento.

Referência

MARINHO, A., RESENDE, M., FAÇANHA, L. O. Brazilian Federal Universities: Relative Efficiency Evaluation and Data Envelopment Analysis. Revista Brasileira de Economia. v. 51, n. 4, p. 489-508, 1997.