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ECONOMIA E GESTÃO.

Quais são as reações empreendedoras em resposta à COVID-19?

22 nov 2021

Pesquisadora responsável: Viviane Pires Ribeiro

Título do artigo: WILL I BE ABLE TO FUNCTION EFFECTIVELY? PANDEMIC AND ITS EFFECT ON ENTREPRENEURIAL WELL-BEING AND POST-COVID-19 FUNCTIONING

Autores do artigo: Gul Afshan, Amjad Ali Memon e Adnan Manzoor

Localização da intervenção:  Países com casos de COVID-19

Tamanho da amostra: Não definido

Setor: Finanças

Tipo de Intervenção: Análise comportamental dos empreendedores

Variável de interesse principal: Bem-estar do empresário

Método de avaliação: Outros - Modelo teórico

Contexto da Avaliação

No que tange ao empreendedorismo, tem-se que eventos adversos (desastres, guerras, ataques terroristas, pandemias) contêm um alto nível de incerteza para continuar e administrar as empresas existentes ou iniciar um novo negócio, podendo assim, afetar negativamente o Produto Interno Bruto (PIB) do país. O atual evento adverso é a pandemia COVID-19, que forçou muitas pequenas e médias empresas a fecharem as portas e consequentemente, milhões de funcionários perderam seus empregos. O resultado é que os empreendedores estão menos interessados em investir e mais interessados em economizar seu capital.

Pesquisas recentes mostram que a pandemia COVID-19 afetou a saúde física e mental dos indivíduos. Nesse contexto, o período pós-pandêmico pode resultar em uma nova forma de funcionamento nos níveis individual e organizacional. As economias começarão a se recuperar e os funcionários que foram dispensados retornarão aos seus empregos, os funcionários que trabalharam em casa retornarão às estações de trabalho. Mas o reinício dos negócios e seu funcionamento pode ou não ser iguais para todos os empresários.

Alguns empreendedores demonstram resiliência para lidar com o estresse e aproveitam a oportunidade. Por outro lado, muitas empresas não conseguem sobreviver e gerenciar tal crise em uma situação tão estressante. Geralmente, a crise desencoraja as pessoas de aproveitarem tarefas desafiadoras. No entanto, apesar das incertezas e do bem-estar afetado, os empreendedores precisam se esforçar para responder a esses desafios.

Detalhes da Intervenção

Utilizando a teoria dos eventos de estresse (SET), que explica as reações ou comportamentos empreendedores em resposta às características de um determinado evento, Afshan et al. (2021) buscam explicar uma estrutura conceitual que descreve o efeito das restrições de recursos induzidas pelo COVID-19 sobre o bem-estar do empresário e seu funcionamento pós-COVID-19. A teoria dos eventos de estresse propõe também a interpretação dos eventos para escolher as estratégias de enfrentamento que diferenciam a qualidade do bem-estar empresarial, as relações sociais e os resultados relacionados ao empreendimento. 

Os autores estabeleceram que o tipo de empreendedor varia de acordo com a oportunidade e a necessidade. Nesse sentido, observa-se que literatura que trata o empreendedorismo tem mostrado que as pessoas são heterogêneas em sua percepção do ambiente. Dois tipos principais de empreendedores têm sido discutidos na literatura: o empreendedor de necessidade e o empreendedor de oportunidade. Os motivos por trás dos empreendedores de necessidade geralmente residem na satisfação da necessidade e na alternativa ao desemprego. Por outro lado, quando as pessoas são atraídas para o estabelecimento de uma empresa empreendedora, ocorre o reconhecimento e a exploração de oportunidades ambientais.

Detalhes da Metodologia

Afshan et al. (2021) propõe uma estrutura conceitual para as relações entre as restrições de recursos induzidas pelo COVID-19 e o funcionamento do pós-COVID-19 com o mecanismo subjacente de bem-estar empresarial.

Seguindo a teoria dos eventos de estresse, o estudo conceitual também propõe que os empreendedores de oportunidade seriam capazes de lidar com o evento estressante (pandemia), afetando o seu bem-estar, relacionamento social e funcionamento. O bem-estar dos empreendedores durante o COVID-19 define seu funcionamento pós-COVID-19 na forma de funcionamento comportamental e emocional.

Os autores apresentam, portanto, um modelo teórico que incorpora os preditores e os resultados do bem-estar empresarial em tempos de pandemia de COVID-19 para sugerir futuras direções de pesquisa. As relações propostas no artigo podem ser testadas empiricamente para melhor compreenção da magnitude de tais efeitos no funcionamento empresarial pós-pandêmico.

Resultados

A análise realizada por Afshan et al. (2021) mostra que o bem-estar do empreendedor tem implicações importantes para o sucesso do negócio. Por exemplo, o bem-estar físico e psicológico ajudam os empreendedores a ampliar o foco em seus negócios, ficando mais atentos às oportunidades para o crescimento e desenvolvimento do empreendimento. Além disso, a saúde física torna os empreendedores mais criativos, felizes, orientados para a aprendizagem e, por fim, mais bem-sucedidos.

Além dos efeitos devastadores sobre as operações comerciais, a pandemia deu origem a oportunidades empresariais para atender às necessidades emergentes do público e do governo. Os indivíduos que utilizam oportunidades podem ajudar as comunidades a alcançar a sustentabilidade, beneficiar socialmente a população e diminuir as ameaças (ou seja, COVID-19) prevalecentes no ambiente.

O estudo propõe o empreendedorismo de necessidade como um antecedente essencial para o bem-estar do empreendedor, que difere do empreendedorismo de oportunidade; portanto, a origem do empreendedor ocorre por meio de qualquer um dos dois tipos de empreendedorismo, seguido pela restrição de recursos induzida por eventos adversos. Isso sugere que o COVID-19 teve impactos semelhantes, causando perda de propriedades e vidas humanas, induzindo estressores psicológicos e expondo o próprio empresário a ameaças à saúde. No entanto, o tipo empreendedor pode ter impactos diferenciadores sobre o efeito do COVID-19 no bem-estar.

Lições de Política Pública

Afshan et al. (2021) contribui com a literatura de empreendedorismo, gestão de recursos humanos e gestão de desastres de quatro maneiras diferentes. Em primeiro lugar, o estudo emprega a teoria dos eventos de estresse para explicar os efeitos dos eventos adversos no bem-estar e no funcionamento pós-COVID-19 de um empresário. Em segundo lugar, os autores propõem que esses cenários geram dois tipos de empreendedores – empreendedor de oportunidade e empreendedor de necessidade; ambos têm implicações e propósitos diferentes e diferentes efeitos na criação de valor para o ambiente e a comunidade. Terceiro, é essencial considerar os tipos de empreendedores no pós-funcionamento do COVID-19 para definir um caminho para o renascimento econômico. Por fim, o estudo define orientações para futuras pesquisas no contexto do COVID-19 e do bem-estar empresarial, seguido pelo funcionamento do pós-COVID-19.

Considerando os dois tipos de empreendedores (empreendedor de necessidade e o empreendedor de oportunidade) e seguindo a teoria dos eventos de estresse, os autores argumentam que as consequências negativas da pandemia podem diferir de acordo com o tipo de empreendedorismo. O empreendedor de oportunidade pode ver esse evento pandêmico como oportunidade para desenvolver algo necessário para a população, enquanto os empreendedores movidos pela necessidade não veriam o desafio como uma oportunidade e estariam apenas se esforçando para atender às necessidades básicas.

Ao abordar essas relações, o estudo contribuiu para a literatura recente sobre pandemia e seus efeitos no bem-estar empresarial de três maneiras principais. Em primeiro lugar, com base na teoria do evento de estresse, espera-se que a reação empreendedora das restrições de recursos induzidas pelo COVID-19 possa afetar positivamente o funcionamento pós-pandemia.

Em segundo lugar, espera-se que o bem-estar empreendedor – saúde física e psicológica nas relações sociais e na estabilidade financeira – possa atuar como um mecanismo subjacente para explicar a relação entre as restrições de recursos induzidas pelo COVID-19 e o funcionamento pós-COVID-19.

Finalmente, espera-se que o tipo de empreendedorismo possa determinar a magnitude das restrições induzidas pela pandemia no bem-estar e no funcionamento pós-pandêmico da empresa. Especificamente, espera-se que os empreendedores de oportunidades sejam capazes de utilizar a mudança nas demandas e, assim, sejam capazes de responder aos desafios.

Referência

AFSHAN, Gul; MEMON, Amjad Ali; MANZOOR, Adnan. Will I Be Able to Function Effectively? Pandemic and Its Effect on Entrepreneurial Well-Being and Post-COVID-19 Functioning. Pandemic and Its Effect on Entrepreneurial Well-Being and Post-COVID-19 Functioning, 2021.