Coluna InfoModa
Texto Juliana Vasconcelos, estudante de Publicidade ECOM/IDP
Nós dissemos que íamos voltar com a entrevista que fizemos com a Rachel (fala como se tivesse assistindo F.R.I.E.N.D.S.) e aqui estamos!
Na última matéria Rachel Sabino compartilhou um pouco sobre sua experiência desde criança até os dias de hoje, como jornalista atuante no mundo da moda. Hoje vamos falar sobre a visão dela do mercado de Brasília e algumas dicas 😍
JULIANA DA ECOM: AGORA SOBRE BRASÍLIA, VOCÊ ACHA QUE O MERCADO AQUI SE DESTACA COMO O DAS GRANDES CIDADES?
Brasília não é pólo de indústria como SP, por exemplo, então não pode ser comparado. Mas é muito sobre enxergar qual o "gap" que tem aqui. Primeiro: não é pólo, então não tem como comparar a produção que existe em SP. Depois: A cidade não tem oferecimento de escolas de moda, por exemplo. Porém é visto que, pelo que temos ao nosso redor, poderia ser, por exemplo, um pólo de Design. A arquitetura de Brasília é uma inspiração para todo tipo de Design. Se tivermos pessoas capacitadas para ensinar e para criar, é possível que a moda aqui possa decolar. Reconhecendo nosso potencial em design, as pessoas precisam investir em si mesmo para sair da bolha, e reconhecer a defasagem que existe na cidade, o que a cidade não tem e poderia ter. Existe também a desvalorização das próprias pessoas ao redor, porque todo mundo que usar o que os outros estão usando, o que não é daqui. As pessoas querem o melhor resultado possível, mas elas não investem nas pessoas. Então o perfil do mercado local na maioria das vezes é esse: querem um resultado sem um investimento. Existe a "infantilidade" do consumidor também, porque é necessário reconhecer para amadurecer o mercado. Brasília é uma cidade muito jovem, então não tem como comparar com uma cidade de 400 e poucos anos. Ela é uma moda muito jovem, muito tímida e cabe a essa geração fazer as coisas acontecer. O brasiliense é a cidade do funcionalismo público, então é possível encontrar de tudo aqui, não existe ainda uma identidade. Falta ainda o olhar observador, é um ponto que se pode encontrar várias coisas em vários lugares. Visitar o Conic com um olhar mais técnico, por exemplo, é essencial para aumentar o repertório, pois é uma mistura de tudo, empreendedor, executivo, comércio local. É como um sotaque, não temos, mas é isso que faz nosso sotaque.
JULIANA DA ECOM: ACREDITA QUE OS OUTROS ESTADOS PODEM INVESTIR NA CAPITAL? AQUI É UM SOLO FÉRTIL?
O investimento é produtivo, SIM, mas é preciso de uma conexão, de um relacionamento, quem está de fora precisa reconhecer que aqui tem um potencial.
JULIANA DA ECOM: VOCÊ TRABALHA COM O BRASÍLIA SHOPPING, CERTO? POR QUE ACHA QUE ESSA É UMA COMUNICAÇÃO IMPORTANTE? QUAL O IMPACTO QUE TEM NA VIDA DAS PESSOAS, PARA A NOSSA CAPITAL?
O relacionamento com o Brasília Shopping começou desde que eu era estagiária no Correio, quando cobria o evento da Vogue de moda. O shopping é a cara de Brasília e conversa bem com a população. Eles me convidaram para criar conteúdo de moda, então podemos ver aqui uma marca investindo em conteúdo. O Brasília Shopping tem um novo formato, que é mais comercial, voltado para venda, mas que é importante que esteja criando uma comunicação de moda nos pontos de venda que já existem. Essa comunicação não precisa ser "compre agora", pode ser de forma mais dinâmica, mais leve no conteúdo, tornar a plataforma do shopping (ou de qualquer marca) num portal de conteúdo para se consumir. Abrir portas para novas comunicações de moda e aquecer o varejo da cidade.
Depois de tanto aprendizado que tivemos nessas 2 publicações, não podíamos deixar de perguntar:
JULIANA DA ECOM: SE VOCÊ PUDESSE VOLTAR NO TEMPO, O QUE DIRIA PARA A RACHEL DE 5 ANOS ATRÁS?
Há 5 anos tinha a mentalidade de que só ia cobrir moda, mas para fazer isso é preciso entrar em outros lugares, sair da bolha para poder cobrir moda de uma forma mais humana, com maior entendimento. Os assuntos mais "gerais" dão repertório técnico, mas também casca, experiência. "Esteja aberta para produzir outras pautas, outros temas e não confie tanto nas pessoas, não seja ingênua a ponto de acreditar nas pessoas, em tudo o que elas dizem, porque as pessoas não são tão boas quanto você pensa e você não pode cair de cabeça, se entregar pra qualquer um, não." É uma disputa de ego absurda, um querendo pegar o crédito do outro. Tem muita gente boa, sim, mas tem muita gente que "não vale à pena", que vivem com uma máscara, como um personagem. Por trás de um jornalista BOM de moda, é um produtor descabelado, suado e acabado depois de cobrir uma matéria. Uma observação é ter visto grandes estilistas como Constanza, que não ligavam por ser fotografadas, mas sim em ter um desfile de sucesso e apresentar o que elas estavam trabalhando, apresentando. "Não se preocupe muito com o que você vai usar no desfile, você não está ali para ser fotografada, para tombar, você está ali para fazer o seu trabalho, para cobrir o evento da melhor forma possível." A qualidade na entrega e o seu interesse no trabalho é muito mais importante do que a roupa que você está vestindo. Saber o seu lugar, saber porquê você está ali, para fazer o seu trabalho ou para alimentar o ego.
Sabemos que você nos ama!
Com carinho,
InfoModa IDP 💋
Please Post Your Comments & Reviews