Texto Juliana Vasconcelos, estudante de Publicidade ECOM/IDP
Com quase 5 mil seguidores, Rachel tem mostrado que o Jornalismo de Moda só tem crescido nos últimos anos e não vai parar por aí. Suas postagens falam sobre história da moda, as notícias mais importantes da semana e muita análise de passarela. Além disso, o que faz muito sucesso no seu perfil são as entrevistas quase que semanais com convidadas super especiais, como as mãe e filha Costanza Pascolato e Consuelo Blocker.
Fizemos uma entrevista com a comunicadora e ela compartilhou suas histórias e várias dicas para quem quer conhecer mais sobre moda e também se tornar um profissional da área.
Juliana da ECOM: Nos conte um pouco sobre você e o que tem feito ultimamente.
Eu sou formada em Jornalismo pela UnB (2019), mas já tem 5 anos que já trabalho com comunicação de moda, que sempre foi o que quis. Entrei no jornalismo já sabendo o que queria fazer, desde a adolescência. Optei pelo curso, pois sempre fui comunicativa e gostava de escrever e acabei me encontrando na comunicação de moda. Passei 2 anos no Correio Braziliense, enquanto ainda estudava, mas tinha muita liberdade para escrever sobre Beleza, Lifestyle, Comportamento e Moda. Depois disso fui para uma marca, onde tive a oportunidade de ser criadora de conteúdo. Então pude trabalhar com 2 tipos de escrita diferentes, no jornal, que é mais informativo e na marca, pelo outro lado publicitário, porque um desfile, por exemplo, não é apenas assistir, é saber como que vai ser vendido, como que vai se converter e é relacionado com o que está acontecendo ao seu redor, no mundo. Depois de formada, fui efetuada na marca, dando continuidade ao que já estava fazendo. Quando decidi sair da CLT e começar a fazer "freela", foi muito no "bora", aproveitando as oportunidades. Comecei com a GPS e depois entrei no quadro "Fashion Talks", do Brasília Shopping. Foi aí que comecei a pegar mais clientes, através do Marketing de Conteúdo e com minha página no Instagram @rachelsabino_. Através de uma amiga, entrei na Agência JABOT (@jabot.agency), em janeiro de 2021, que acabou de abrir seu espaço físico. Lá eu atuo como Diretora de Conteúdo e textos dos clientes, mas também faço parte de diversos processos na agência, como styling e o que for preciso. Esse mês estou indo para Londres fazer meu Mestrado, mas ainda vou continuar na agência, só que por agora a minha vida profissional vai ter mais foco na parte acadêmica.
Juliana da ECOM: E de onde que veio esse gosto pela moda?
Sempre tive um perfil muito artístico, diferente da minha família que está para o lado da medicina e advocacia. Desde pequena era muito extrovertida, gostava de pegar o microfone e tinha sonhos de atuar na área de comunicação e artes. Já sonhei em ser atriz também! Quando pequena, ia no salão com minha mãe e sempre lia a Revista CARAS, que tinha uma coluna de Moda, e em uma edição especial da revista, que era só de moda, comprei e fiquei apaixonada. Recortava as roupas das modelos da revista e fazia croquis. Até me interessei pelo design de roupas, fazendo um curso de desenhos. Percebi que queria ser jornalista de moda na minha primeira vez escrevendo sobre um desfile. Daí fui me encontrando na profissão, enquanto fazia. Meus pais sempre me apoiaram muito, mesmo sendo servidores públicos e vivendo uma vida completamente diferente. O que o jornalismo oferece hoje é principalmente essa rotatividade, diversidade de atuação, principalmente as marcas que procuram jornalistas para poderem comunicar algo para seu público sem precisar de um meio/carro de comunicação específico.
Juliana da ECOM: No seu perfil no Instagram, você já mencionou que ser editora-chefe da Vogue era um sonho, mas recentemente disse também que isso não é tudo, por quê?
O que fica na cabeça do profissional de moda é muito o estereótipo de "O Diabo Veste Prada", o que pode existir, sim, mas que não existe somente isso, de ser transformada do dia pra noite, viver num mundo glamoroso, trabalhar na revista e usar roupas de marca, etc. Esse mundo existe, claro, mas o mundo da moda é 99% suor e 1% glamour. Há 10 anos as revistas ainda estavam em alta, porque o foco ainda não eram as mídias sociais, até meados de 2012. Porém quando se analisa as revistas a partir de 2014, elas começaram a migrar pro digital, que começou a crescer muito e começaram a se livrar de profissionais específicos demais. Uma marca hoje em dia não vai postar mais só roupa de moda. Então não tem mais como ter só o social media, precisa de toda uma equipe. Elas [as marcas] começaram a investir em produção de conteúdo mesmo, abrindo portas pros jornalistas. O digital abriu e expandiu muito o mercado. Então Vogue não é mais a única opção. Caso surja a oportunidade, ótimo, mas não é mais somente o que existe, pode servir de inspiração, justamente por essas oportunidades que o digital está dando para a profissão. É interessante também que os conhecimentos mudaram. Diferente de antigamente, o jornalista precisa saber sobre métricas, entender se o conteúdo está chegando e alcançando as pessoas. Inclusive na produção de roteiros, porque o visual é muito pesado. Tirar o estereótipo da revista impressa e ver as opções que estão disponíveis no mercado. Exemplos de profissões são social media, roteirista, repórter, e por aí vai. Existem várias possibilidades através das redes sociais. A perspectiva de Vogue não mudou, ainda é um sonho, uma possibilidade, mas é um tipo de revista que caiu muito a qualidade, então nossa geração que vai mudar isso para reerguer o império que um dia já existiu.
Juliana da ECOM: E como você fez para iniciar a construção da sua incrível carreira em ascendência?
Eu particularmente amadureci muito cedo, não tinha como me portar como estagiária, porque precisava aproveitar as oportunidades e quando eu estava no Correio Braziliense, carregava o nome de um jornal, então me joguei nas oportunidade que apareciam. É necessário criar oportunidades também. O que tinha de PRESS TRIP a Rachel tentava se envolver. Fui para SP para um curso e pedi para participar do SPFW com 3 postagens por dia, 8 páginas de matéria e ainda a cobertura pelo instagram para fazer as postagens que quisesse. Aproveitei que o Instagram estava meio abandonado para criar conteúdo. E era uma loucura andar por SP por 1 semana inteira, porque os desfiles são em vários locais diferentes. No momento que você senta para o desfile, a sala escurece e você não faz a menor ideia do que vai acontecer e em alguns segundos você tem que captar qual mensagem está sendo passada. Não tem como acabar os desfiles físicos, porque é uma experiência única, que transcende completamente a experiência virtual. Esse estereótipo da pessoa que aparece no desfile para criticar tudo já está em decadência, não existe muito na vida real, porque é mais do que isso; é decifrar as tendências. Vai muito mais além de revelar uma roupa. São tendências, cultura, todo um significado que o desfile carrega. Entender a mensagem é muito importante. No Brasil o mercado de moda é uma panela, que é preciso ter um network muito bom para poder entrar nos lugares, porque não tem como ir sozinho. Eu ia para todo evento que tinha para poder criar conexões. A área da moda no Brasil é um INVESTIMENTO, tem que desembolsar do próprio bolso para poder criar oportunidades também.
Uma das oportunidade que tive, foi ir para Manaus e cobrir o festival de Parintins, que é como se fosse uma sapucaí no Amazonas. Fiquei hospedada num barco, inclusive. Foi uma chance para abrir a cabeça fora da bolha. Foi muito legal observar que a cidade é toda dividida entre Garantido e Caprichoso, onde a cultura é tão forte que as marcas se adaptam completamente para fazer parte do festival. O que acabou se tornando uma matéria de comportamento, e não mais uma matéria de moda. Através desta viagem inclusive, pude conhecer uma pessoa que faz parte do Projeto Teçume e fizemos um treinamento voluntário a fim de levar entendimento de como funciona o mundo digital. Para poder cobrir um desfile, uma matéria, é necessário ter um repertório de choques de realidades que vão muito além do que está na bolha. Um perfil de arriscar, de aceitar desafios, criar metas e colocar a cara à tapa para fazer acontecer. Na capa da revista, junto com o Teçume, tinha mais dois projetos, incluindo sobre outro voluntariado que cobri dentro da prisão, onde colocamos entrevistas com detentas algemadas. Tudo isso ainda como estagiária, oportunidades que ajudaram muito a amadurecer. EXPANDIR O REPERTÓRIO. Experiências que foram NECESSÁRIAS para que cobrir MODA melhor, porque cobrir moda é muito além de ir para Paris, você precisa ter noção de mundo. A moda não existe se não tiver pessoas, porque é preciso de pessoas para fazer a moda acontecer, porque é uma indústria que está ligada com o tempo, com uma época específica e porque tem pessoas, porque tem gente envolvida. Tudo envolve moda, mesmo que as pessoas digam que não ligam pra moda, porque está presente o tempo todo na vida das pessoas. A cobertura envolve você conseguir ler as pessoas, o que elas estão sentindo, o que o mundo está vivendo. Entender o que aconteceu no passado para tentar descobrir o que vai acontecer no futuro (tendências). A moda é uma leitura do que está acontecendo no mundo, não é somente a beleza, é estar disposta ir para o interior da Amazônia, por exemplo, para entender o que as pessoas, a cultura está dizendo, vivendo, e entender a cabeça dessas pessoas.
Mesmo sendo tão nova, Rachel ainda tem muita história para contar, então não deixe de acompanhar nossa coluna, pois quinta que vem tem muito mais 😉
Sabemos que você já nos ama!
Com carinho,
InfoModa IDP 💋
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